
No vigésimo terceiro dia do sexto mês do calendário gregoriano - este mês, mais conhecido como junho -, no ano de 1976, nativa do signo de Câncer, com ascendente em Leão e lua em Touro, nascia uma garotinha no interior de Minas Gerais, Jussara.
Jussara era uma garotinha loira, com cabelos cacheados e um pouco travessa. Seu nome, apesar do significado inusitado, "palmeira que tem espinhos", também é o nome da jovem guerreira muito corajosa, uma das filhas de Jurema, neta do grande Tupinambá, de acordo com a lenda Tupi.
Jussara, ou melhor, como eu sempre a chamo: "mãe", assim como a neta de Tupinambá, é guerreira, é forte e é muito corajosa. Jussara pensa como cientista, é objetiva e muito atenta aos detalhes - tal detalhismo foi aprimorado com a prática da Odontopediatria. Jussara é elegante, é engraçada e é mãe de dois filhos. É professora universitária, curte bons filmes e bons livros e adora acordar cedinho para checar as previsões astrológicas do dia.

O ano pandêmico, 2020, começou tenso. Até hoje, foi o ano mais desafiador da vida de Jussara. Teve que lidar com várias questões ao mesmo tempo: assuntos pessoais, como o divórcio e assuntos profissionais, como a grande quantidade de carga horária sob sua responsabilidade.
A princípio, a ideia de poder trabalhar desde casa lhe agradou. Entretanto, o caos no mundo foi piorando e todos ficaram sem perspectiva de um retorno presencial. Jussara trabalhou como jamais trabalhara antes. Calendários acadêmicos se chocaram e por consequência, sua rotina era muito mais intensa do que deveria. Trabalhava pela manhã, pela tarde e repetidas vezes, à noite. Jussara nunca dormia o necessário.
Além das poucas horas de sono, do trabalho e da vida pessoal, essa mulher ainda encarava alguns desafios domésticos, como a roupa suja e um amontoado de pó que ocupava os cantos da casa.
Essa mulher, que eu tenho a sorte de poder chamar de mãe, viveu um dia após o outro naquele ano pandêmico. Ela é forte e venceu todas as barreiras que lhe foram impostas. Com muito álcool em gel, máscara, e nas clínicas, face shield, felizmente, não contraiu Sars-CoV-2.

Essa mulher, que quando encontra uma nova música preferida canta até enjoar, tenta sempre ver o melhor ângulo das coisas. Espera um mundo diferente pós-Covid-19. Jussara quer sair pelas ruas do Planalto Central sem medo da doença. Deseja sentir a brisa em seu rosto enquanto faz uma caminhada, sem a sensação abafada da máscara. Espera dar aquele abraço caloroso em seus pais - ou, como eu os chamo: vó e vô - e pedir uns bons drinks em seu bar preferido do Distrito Federal com seus amigos.
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